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Eu tenho que confessar uma coisa: eu esqueci como se mata uma barata.

Quando falamos de evolução, um dos pontos importantes é considerar sempre o ambiente que a espécie vive. E talvez por viver em um ambiente “desbaratado” por quase dois anos, eu tenha desaprendido o processo de caçar e eliminar uma barata.


Estava eu em uma noite reconfortante de verão, devidamente deitado no Olimpo (sim, assim que chamo meu sofazão) tomando uma espumante. Enquanto eu lia algum conteúdo na internet, minha esposa estava sentada na janela, também tomando espumante. No meio desse processo, em que desfrutávamos do nosso sagrado descanso noturno, um pterodáctilo entrou pela janela… 

Sim, foi o que eu achei que era pelo grito que minha esposa deu. Imaginei aquelas cenas clássicas de filmes em que um dinossauro voador sequestra um integrante de sua tribo e você, com lanças e tangas feitas com pele de tigre, tem que embarcar em uma odisséia para salvar seu amigo.

Entretanto, o objeto do discurso não era um dinossauro, mas sim, uma barata.

A barata entrou voando estilo Grinch com sua bolsa de natal. Girava e cambaleava e mesmo assim conseguiu atingir seu objetivo, que era invadir minha casa e acabar com meu sossego.

No primeiro momento eu pensei. Ah, logo ela vai embora, como se fosse um outro inseto qualquer e então lembrei: “baratas não vão embora. Elas vêm morar com você!”

Levantei para resolver a situação, que envolvia entre acalmar a minha esposa e depois eliminar o bicho.

Comecei pegando um lenço de papel e pensei em pegar ela, enrolar e jogar fora… Quanta ingenuidade em achar que o bicho deixaria eu chegar perto dele.

Foi então que senti um estalo em minha cabeça. Os neurônios começaram a se juntar novamente. Senti o corpo tremer como se tivesse aprendido um poder secreto, como o que o Goku aprendeu com o Senhor Kaioh quando estava morto.

Corri até a porta e saquei da minha Havaianas. Senti que levantava a arma mais poderosa do mundo. Com meu Mjolnir, voei em direção à barata e deferi o golpe dos trovões. Errei algumas vezes, tive que levantar móveis e desviar de minhas flores. Mas por fim, quando ele tentou – audaciosamente – passar entre minhas pernas, invoquei a fúria das tempestades e espatifei o corpo do pobre animal.

Levantei a arma aos céus e senti meu momento de glória. Depois que o vento parou de soprar e balançar meus longos cabelos, juntei os restos do inseto e dei um enterro digno para ele (lixeira).

Por fim voltei para o Olimpo, onde com o apoio de Dionísio – nome que esse dia dei para minha taça – e terminei de tomar minha espumante.

Que dia!