Loading

Assista aqui o vídeo sobre esse conteúdo.

Leia aqui as perguntas e respostas mais frequentes.

Abelhas sem Ferrão

Você já deve ter ouvido o termo Abelhas sem Ferrão (ASF). O termo — e as abelhas nativas — tem ganhado alta relevância nos últimos anos. Mas vocês sabe quem são elas? Nunca ouviu falar? Então essa é a hora de conhecermos as Abelhas sem Ferrão.

As ASF são uma categoria de abelhas que evoluíram, e nesse processo, tiveram seu ferrão atrofiados. Não se sabe o motivo, mas provavelmente a falta de predadores e sua complexa capacidade de fazer ninhos em ocos de árvores fez com que ela não precisasse se defender tanto quanto a abelha europeia, a apis. Então, por não possuírem ferrão é que chamamos de abelhas sem ferrão.

Acesso de um ninho de abelha sem ferrão

Esse tipo de abelha é predominante nas Américas, e a maioria das espécies se encontram no Brasil. É estipulado que de 20 mil espécies de abelhas no mundo (com e sem ferrão) existam mais de 300 no Brasil, em sua grande maioria, sem ferrão.

Por outro lado, o crescente desmatamento e uso de agrotóxicos na agricultura tem feito muitas dessas espécies desaparecerem ou terem seus números reduzidos. Posso falar por mim mesmo, que nasci no interior, e em minhas viagens pelas florestas e rios, podia interagir diretamente com esse tipo de abelha. Hoje, quando vou aos mesmos lugares de minha infância, já acho muito difícil encontrar as abelhas ou uma colmeia sequer.

Indo mais a fundo, sabemos que as abelhas são uma das principais responsáveis pela polinização, o que impacta não só na qualidade de nossas flores ornamentais, como também na reprodução da nossa comida. É estipulado que, se mantivermos o ritmo de destruição da natureza, conseguiremos acabar com a maioria das espécies de abelha e precisaremos viver de alimentos completamente transgênicos e com polinização artificial.

Assim como todas as outras causas sociais, cuidar das abelhas sem ferrão se tornou uma motivação para muitas pessoas, e no Brasil, hoje podemos encontrar vários movimentos que não só realizam, como ajudam e motivam outras pessoas a ajudar a conservar essas espécies.

Uma vez que elas são mansas e não transmitem doenças, elas podem ser cultivadas em qualquer lugar, desde que você tenha um pequeno lugar para colocar a caixa e que elas tenham acessos à árvores, flores e água. E no fim, além de ajudar a natureza e a própria colmeia que você escolheu ajudar, elas ainda polinizarão suas flores e produzirão mel, que poderá ser divido contigo e sua família.

Como funciona:

O procedimento básico para ter uma colmeia é capturá-la na natureza e colocá-las nas caixas, onde será o novo lar daquela colmeia.

Entretanto, muitos cuidados precisam ser tomados, afinal, diferente das Apis, essas espécies são muito sensíveis e todos os procedimentos precisam ser realizados com cautela, para que a colmeia não morra depois de manuseios.

1. A Captura

A captura das ASF nunca deve ser realizada removendo um ninho que está na natureza (oco de árvore ou enterrado no chão). Retirar um ninho da natureza, além de atrapalhar uma colmeia forte, é ilegal e é crime ambiental.

Uma das maneira mais simples de tentar uma captura é construindo (ou comprando) uma caixa, adicionar os atrativos e esperar que uma outra colmeia envie um enxame para ocupar sua caixa.

Oma outra maneira é criar uma isca e instalar esse isca na natureza. Depois que a isca for enxameada, e quando a colmeia estiver forte — 2-3 meses de infestação — ela poderá ser transferida para uma caixa, na localização que mais te interessa.

Isca de ASF criada com garrafa PET.

Os atrativos utilizados nessa captura geralmente é uma mistura de mel, própolis e cera da abelha que queremos capturar. Esses três compostos são misturados com um pouco de álcool e diluídos até virarem um líquido. Depois de tudo, esse líquidos é adicionado à isca, e por fim, quando o álcool evapora, os produtos sólidos ficam grudados no interior da isca. Com o tempo, as abelhas sentem o cheiro e podem considerar aquele um bom lugar para se morar.

Um ponto interessante de se observar, é que normalmente identificamos as iscas com numerações e um aviso para que as pessoas não mexam nelas. Afinal, muitas pessoas podem achar que as iscas são lixos depositados em árvores, ou até casos extremos, como foi no nordeste, onde um grupo de pessoas acreditou ser uma bomba e chamou o esquadrão da polícia para desarmar a bomba… que na verdade era uma isca de ASF.

2. O Enxameamento

Essa etapa é uma das que menos precisa de interferência humana. Uma vez que as iscas foram instaladas, agora é a hora de esperar as abelhas fazerem o seu trabalho… isso se elas se interessarem pelas iscas.

Durante esse período, apenas observamos se as iscas estão tendo atividades de abelhas. Um ponto importante é ter uma noção do dia ou semana que a isca foi infestada. Se for uma isca PET, precisamos saber essa data para ter uma ideia de quão forte está aquela colmeia.

Depois da infestação, geralmente se espera aproximadamente três meses. Depois disso, a isca pode ser retirada e a colmeia transferida.

Em caso de caixa-isca, essa transferência não precisa ser realizada, ao menos que queria mudar a caixa de lugar.

3. Transferência

Este é certamente o passo mais sensível de todo o processo, afinal, iremos abrir a isca para retirar a colmeia lá de dentro e mover toda a estrutura criada pelas abelhas para a caixa definitiva, onde elas irão morar.

Repetindo, caso tenha usado uma caixa isca, esse processo é quase desnecessário, o que causará menos stress para as abelhas.

Para realizar a transferência com sucesso, temos que cuidar para não quebrar as estruturas criadas por elas e não matar a rainha, que é muito fácil de acontecer em um acidente. Precisamos garantir também que a rainha foi retirada da isca e movida junto com os discos-de-cria para a nova caixa.

Uma vez que todas as estruturas e cera foram movidas para a nova caixa, ela deve ser fechada e isolada por um bom tempo, para que a colmeia se recupere e outros parasitas não entrem na caixa e venham a matar as abelhas de fome.

4. A vida que segue

Depois desses três passos, com sua colmeia instalada e com elas trabalhando, não levará muito tempo que elas se estabilizam e comecem a produzir mel… e também comecem a polinizar suas plantas… 

E qual o preço que elas cobram: apenas seu carinho e cuidado!

Conclusão

O homem se destaca infinitamente como a espécie mais capaz de tudo. E tudo que não pode, ele cria. Não podemos apenas consumir a natureza, como se não houvesse um amanhã.

Cuidar das abelhas, é cuidar de nosso planeta! Nossa casa!

Nos próximos capítulos falaremos um pouco mais sobre as colmeias, mel e outras maravilhas que envolve esse prática que é cuidar das abelhas sem ferrão.